/A Escola, pela Causa Freudiana

por Andréa Naccache

Começaram, no Senado francês, os debates sobre o projeto de lei “Accoyer”, que propõe a regulamentação dos tratamentos psi e pode restringir a prática psicanalítica a médicos e psicólogos. Como um “novo episódio” desse imbróglio de regulação estatal (palavras de Lilia Mahjoub), o Ministro da Saúde, Jean-François Mattei, reúne em 13 de dezembro um comitê de profissionais psi, o Coordination Psy, com a proposta de que as instituições psicanalíticas reportem-se anualmente ao Ministério.

A Presidente da Escola da Cause Freudiana, Lilia Mahjoub, mobilizada contra a reforma e participante da Coordination Psy, procura uma maneira pela qual a regulamentação não prejudique a transmissão da psicanálise.

Na reunião, da qual participou também Elisabeth Roudinesco, combate a criação de um Diretório comum a todas as instituições psicanalíticas para controle da formação, considerando que são demasiado divergentes as formas de transmissão entre essas instituições.

Mahjoub apresenta ao Ministro e à Coordination Psy uma nota escrita que posiciona a ECF. Dirige-se – por esse documento que aborda dificuldades políticas, práticas e terapêuticas da regulamentação – também aos Presidentes das duas Câmaras legislativas, aos relatores da legislação de saúde do Senado e da Assembléia Nacional e ao Gabinete do Presidente da República.

Em 15 de dezembro, a Presidente da ECF publica em Libération um texto no qual leva a público os pareceres da Escola, expressando sua intenção de obter o “reconhecimento de utilidade pública” (RUP) junto ao Ministério de Interior francês. Essa credencial incluiria a Escola entre as instituições que atuam nos domínios filantrópicos, sociais, sanitários, educativos, científicos, culturais, relativos à qualidade de vida, ao meio-ambiente, à defesa de lugares e monumentos, e à solidariedade internacional, permitindo-lhe uma diversificação das receitas, em que se incluiriam donativos.

Mahjoub sugere que outras instituições psicanalíticas tomem a mesma direção, como maneira de melhorar a situação da psicanálise no país. Mais que isso, no mesmo intento, reitera a proposta de Jacques-Alain Miller de que as associações psicanalíticas, psicoterápicas e psicológicas articulem-se em uma instância “tri-una”, pela qual estariam representados também psiquiatras e universitários favoráveis às práticas relacionais de fala e escuta.

Leia através dos links abaixo o artigo de Lilia Mahjoub a Libération, a notícia publicada pela Agência Lacaniana de Imprensa e a Nota da ECF às instâncias políticas francesas.